Olá computeires!
Somos a chapa (int)egra++ e nossa intenção em compor a gestão do CACo é de dar continuidade ao trabalho já feito pela gestão anterior. Isso inclui garantir que as conquistas da greve de 2023 se tornem realidade, procurar ser uma entidade ativa e que represente es estudantes de computação, buscar acolher e integrar a comunidade da comp, principalmente minorias e es ingressantes!
Nossa chapa é formada pelos quatro cargos obrigatórios e mais três cargos que acreditamos serem necessários para suprir as necessidades da computação:
Nosso Posicionamento Sobre Algumas Questões Relevantes:
Para entenderem quem somos e como nos posicionamos, nada melhor do que partir de um exemplo histórico.
No dia 03 de Outubro de 2023 es estudantes da unicamp realizaram uma paralisação unificada dos campi, acompanhando a paralisação da greve dos metroviários. Nesse fatídico dia, o professor Rafael Leão do IMECC, portando facas e um spray de pimenta, atacou es estudantes que participavam da manifestação. O sentimento de revolta que essa situação provocou fez com que o movimento ganhasse força e se desenvolvesse para um processo de greve. Nessa ocasião a gestão (int)egra, da qual somos uma continuidade, ajudou a comunidade da computação a termos um entendimento sobre o que estava acontecendo e a organizar a nossa participação nesse processo. O maior marco dessa atuação é a histórica assembleia da computação do dia 05 de outubro de 2024, quando os cursos de toda a Unicamp ainda estavam decidindo se iriam aderir ou não a greve. Nessa assembleia, foram reunidos mais de 300 alunes da computação e tivemos a maior quantidade de votos em favor da greve dentre todos os cursos, um acontecimento inédito para computação que até então tinha o histórico de se envolver muito pouco com os movimentos políticos des estudantes (para ter uma ideia de como foi, veja o nosso comunicado feito pelo João, atual Coordenador Presidente, logo após o fim da assembleia e também a ata da assembleia que foi anonimizada para nos prevenir de qualquer perseguição). Depois disso, foi organizada uma delegação da computação para compor o comando de greve, nossos colegas participaram ativamente de muitas frentes do movimento, inclusive pessoas que não compunham a delegação, o CACo esteve em constante atividade como linha de frente dessa organização e muitas coisas aconteceram, mas não vamos abordar toda a história da greve nesse texto. Na verdade, essa história ainda está sendo escrita: a Greve de 2023 foi vitoriosa e trouxe muitas conquistas para nossa categoria, como a possibilidade da implementação de cotas trans e cotas para pessoas com deficiências, bandejão aos finais de semana, entre outras coisas que você pode verificar na Carta de Compromissos da Reitoria.pdf, no entanto, ainda será necessário lutar para que a reitoria e institutos honrem esses compromissos e, em função disso, o CACo continua se organizando.
Esse é exatamente o papel que acreditamos que um centro acadêmico deve desempenhar. Somos um sindicato, uma associação política criada pelos estudantes para es estudantes, visando lutar por seus interesses políticos coletivos. Nossa função é ser a ponta de lança, a linha de frente, em momentos de grande tensionamento político, como durante a greve, e em momentos que o tensionamento político é mais ameno, os membros ativos do CA devem estar sempre organizades, acumulando experiência, desenvolvendo discussões na nossa comunidade, antecipando emergências e ajudando nossos colegas a lidar com os problemas cotidianos que temos como categoria estudantil, que, aliás, não são poucos. Isso é fazer política estudantil e também é um processo de formação política.
Fazer política estudantil na computação na Unicamp é difícil. Temos muitos desafios, não temos uma longa tradição como Centro Acadêmico ou Comunidade politizada, estamos sempre sobrecarregados com demandas muito exigentes da faculdade e muitas vezes do trabalho também, mas a nossa atuação na greve mostra que temos muito a contribuir com o movimento estudantil e que também temos pautas próprias pelas quais lutar. Por exemplo, somos, como gestão, bastante críticos a forma paternalista que nossos institutos estão acostumados a lidar com as demandas des estudantes (justamente por não terem o costume de lidar com estudantes politizades), também temos críticas as parcerias público privadas do IC (principalmente sobre como elas são feitas sem a participação ou o entendimento da comunidade e também sobre como isso se relaciona a uma tendência nacional de precarização dos serviços públicos), achamos que nossos institutos carecem de espaço de convivência, de territórios que pertençam aos estudantes, de acessibilidade para pessoas com deficiência e de banheiros neutros para pessoas trans.
Entendemos que para que as nossas demandas sejam ouvidas nos institutos e na Unicamp como um todo, precisamos ocupar espaços institucionais. Aqui os estudantes possuem o direito de eleger representantes que participam e votam nos espaços decisórios das instituições, os colegiados. Por mais que essa representação não seja paritária, acreditamos ser muito importante praticá-la, por isso nos esforçamos para garantir que tenhamos representantes e queremos cada vez mais oferecer suporte a eles e ajudar a coordenar sua atuação com a organização política des estudantes. Porém, é importante ter em mente que a representação discente nos colegiados devem ser entendida apenas como uma forma de atuação política e uma forma que tem fortes tendências de ser absorvida para burocracia institucional da unicamp se não nos atentarmos a preenchê-la com um conteúdo político. Esse conteúdo político são interesses coletivos que emergem da própria comunidade que muitas vezes, ao reconhecê-los, se auto-organiza. Assim, saudamos não apenas a atuação Diretório Central dos Estudantes e dos outros CAs politizados, mas também dos coletivos como o Núcleo de Consciência Trans, o Núcleo de Consciência Negra, o Coletivo Anti capacitista Adriana Dias, os Acadêmicos Indígenas entre outros grupos que lutam para transformar a Unicamp e mundo para além dela.
Ter isso em mente é importante, a Unicamp não é um espaço isolado, o que acontece aqui é causa e consequência de uma conjuntura maior. Nesse sentido, enxergamos como uma grande problemática os avanços das políticas neoliberais que o Brasil tem sofrido nos últimos anos, talvez principalmente a partir do governo Temer e em seguida no governo de Jair Bolsonaro, mas que infelizmente tem tido continuidade em grande medida no atual governo Lula (conforme discutido no vídeo Retrospectiva 2023 e lutas para 2024! de Jones Manuel). Entendemos que essas políticas são responsáveis pela precarização da vida da classe trabalhadora, o que reflete inclusive na qualidade de ensino e pesquisa da Unicamp e na possibilidade des estudantes de permanecerem nos campi. No estado de são paulo essas políticas se manifestam através do governo de Tarcísio de Freitas, que, além disso, promove o assassinato da população periférica. Existem muitas lutas importantes acontecendo no contexto nacional e internacional e seria impossível tratar aqui sobre todas com a profundidade que elas merecem, mas queremos deixar a nossa solidariedade a resistência do povo palestino contra o estado genocida de Israel e dos povos indígenas brasileiros em defessa da demarcação de seus territórios. Estamos comprometidos em colaborar com essas lutas sempre que for possível e aqui vale mencionar que enxergamos a extensão popular praticadas por coletivos como o Dínamo como uma alternativa para conectar essas lutas que ocorrem dentro e fora da Unicamp.
Caso não tenha ficado claro até agora, nossos posicionamentos são fortemente embasados em uma perspectiva anticapitalista. A gestão é composta por marxistas, um anarquista e simpatizantes dessas ideologias. Por favor, não pense que por isso somos sectários ou que estamos presos às interpretações do passado. Precisamos ser rigorosos com a qualidade da nossa atuação e isso envolve respeitar os acúmulos trazidos pelas nossas referências, trazidos por pessoas que dedicaram anos de suas vidas para a produção desse conhecimento, assim, nos resguardamos o direito de nos identificar politicamente com elas, mas também de levar a sério as nossas próprias contribuições e críticas. Temos, assim como você, o privilégio de contar com o trabalho dos que vieram antes de nós e a oportunidade de aplicar a teoria à prática. Se você leu esse texto até aqui, provavelmente é alguém que se importa com o que discutimos. Então, não desperdice essa chance, participe do centro acadêmico.